O erro na distribuição de provas durante o concurso do Senado, realizado ontem (11), obrigou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) a cancelar os exames feitos por candidatos a três cargos, e não a dois, conforme a instituição chegou a anunciar inicialmente.
Em um segundo comunicado à imprensa, divulgado por volta das 20h, a fundação informou que, além dos candidatos às vagas para analista de suporte de sistemas e enfermagem, quem prestou o concurso para analista de sistemas também terá que refazer todas as questões, incluindo a redação. A nova data e os locais serão informados aos inscritos pelo correio.
Além de frustrados, devido ao cancelamento de suas provas, muitos dos quase 10.500 candidatos que pagaram R$ 190 de inscrição para disputar uma das vagas destinadas aos três cargos ficaram indignados por não terem sido informados, ainda durante o exame, do que estava ocorrendo.
Embora o cancelamento das provas tenha sido anunciado à imprensa por volta das 18h de ontem, a informação não chegou ao conhecimento de todos os responsáveis pelos locais de prova. Com isso, muitos candidatos só deixaram a sala depois de terem respondido a todas as questões e feito a redação.
"Ninguém falou nada em nenhum momento sobre anular ou cancelar provas. Eu só soube do cancelamento quando já estava saindo no portão do colégio. E isso porque ouvi outros candidatos comentando, mas ninguém tinha certeza de nada. Estou indignado", disse à Agência Brasil o enfermeiro Elias Araújo Barbosa, 29 anos.
Já eram quase 20h30 quando Barbosa deixou o prédio do Colégio Marista João Paulo II, no Plano Piloto de Brasília (DF) e soube, pela reportagem, que a prova a que havia se submetido tinha sido cancelada. O mesmo ocorreu com seu irmão, também enfermeiro, Eude Aparecido Araújo Barbosa, que viajou de Uberlândia (MG) à capital federal para fazer a prova. Elias disse estar decepcionado, principalmente com a falta de informações.
"A melhor conduta seria [os organizadores] chegarem às salas, explicar a todos o que tinha acontecido e liberar todo mundo. E não deixar que nos desgastássemos à toa, perdessemos mais tempo para, no fim, ficar sabendo que vamos ter que refazer toda a prova", disse Elias.
Também manifestou indignação a enfermeira Viviane Pereira da Cunha, 27 anos. "Por mais que seja compreensível que a empresa não saiba ainda o que vai fazer, ela devia ter informado a todos de sua decisão assim que resolveu cancelar parte das provas. Teríamos saído menos indignados, pois pelo menos não teríamos passado pelo desgaste psicológico de saber que todo o esforço não valeu nada".
Mesmo na Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas (Facitec), em Taguatinga (DF), onde os cadernos de questão de quatro salas foram distribuídos equivocadamente, levando ao cancelamento das provas dos três cargos, os candidatos não foram avisados do problema e muitos só deixaram a sala ao fim do tempo previsto para a realização do exame.
"Muitos colegas meus ainda estão lá dentro, se desgastando com uma prova que já foi cancelada", disse o servidor público Salatiel Robson Barbosa de Oliveira, de 38 anos, ao retornar, por volta das 19h, da 21ª Delegacia de Polícia de Taguatinga, onde vários candidatos prejudicados registraram boletim de ocorrência.
No total, quase 158 mil candidatos de todo o Brasil disputam uma das 246 vagas do Senado, em um dos concursos públicos mais concorrido do país. Além da estabilidade, os salários iniciais entre R$ 13,8 mil e R$ 23,8 mil, dependendo do cargo, são os maiores atrativos. As provas foram aplicadas nesse domingo (11) nas 26 capitais, além do Distrito Federal - durante a manhã para quem disputa uma vaga de técnico legislativo e, à tarde, para os que concorrem aos cargos de analista e consultor.
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