terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ESPECIAL ORGANIZADORAS: DICAS PARA SE DAR BEM NAS PROVAS DA CESPE/UNB

Para obter aprovação em um concurso público, longas horas em cima dos livros não são suficientes. Muitas vezes, uma pessoa bem preparada pode acabar perdendo sua vaga no servidorismo público por não conhecer bem os macetes e peculiaridades da banca organizadora que o irá avaliar. Para se dar bem em uma prova objetiva, o candidato deve dirigir seus estudos para que o esforço não seja em vão.
Pensando nisso, o Concursos/CorreioWeb dá início à uma série de reportagens que tentará mostrar aos concurseiros de primeira viagem um pouco mais das especificidades de empresas responsáveis por promover alguns dos maiores certames do pais. Começamos falando sobre o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília, o famoso e temido Cespe/UnB.

Temer ou não temer: eis a questão.

A banca é tida como uma das mais qualificadas e respeitadas do país. Já organizou concursos de grande porte, como os da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), do Instituto Rio Branco (IRBr), do Ministério Público da União (MPU) e da Policia Federal (PF). Segundo o professor de Língua Portuguesa João Marcos de Camillis Gil, que trabalha com provas do Cespe/UnB há cerca de vinte anos, os candidatos não têm motivos para ficarem inseguros diante das questões cobradas pela empresa. "É bom para o aluno que a instituição elaboradora mantenha um perfil mínimo de qualidade e de respeito ao candidato. Existe um temor quando se fala em Cespe, mas é a melhor prova que nós temos no mercado", desmistifica o docente.
Para João Marcos, a ideia que ainda perdura no imaginário dos candidatos, de que as avaliações da banca são cheias de "pegadinhas" e armadilhas, não tem fundamento. "Isso fica muito mais em um plano de mito do que da realidade. A prova do Cespe/UnB é a que menos traz questões intencionalmente maldosas. Os enunciados são cada vez mais claros e as questões cada vez mais `honestas'. Você vê que a avaliação mede não só o conhecimento específico das disciplinas, mas também algum preparo no sentido de atenção e dedicação do candidato naquela tarefa temporária", explica.
O educador garante que a prova não é um monstro, mas faz questão de ressaltar que, para vencê-la, são necessários pelo menos quatro horas diárias de estudo: "A avaliação exige do candidato, além de um conhecimento gramatical mínimo e de uma capacidade de compreensão e interpretação de textos, o conhecimento de terminologia técnica, o que dificulta bastante o trabalho dos candidatos de modo geral - porque a maioria deles não tem uma formação específica".
Para se dar bem nas provas do Cespe/UnB, também é necessário ter um bom repertório de conhecimentos gerais. "Um aluno bem formado, que tenha acesso à informação e que esteja sintonizado com as mudanças diárias do mundo consegue fazer uma boa prova. Não existe uma bibliografia específica para atualidades, é só acompanhar os grandes acontecimentos atuais: a questão do terrorismo, da miséria africana, das relações internacionais, do capital globalizado e das guerras e pressões mundiais; enfim, de toda a conjuntura sócio-político-econômica", aconselha.
Espantar o medo e o nervosismo na hora da prova também parece algo impossível. Entretanto, se um candidato já está familiarizado com o tipo de avaliação que irá enfrentar, grandes problemas já podem ser limados. "Se o aluno criar o hábito de fazer uma prova por semana de cada disciplina, acaba se habituando com os enunciados, sabe qual é o conteúdo mais exigido". Ou seja, quando o candidato domina melhor a metodologia utilizada pela empresa, mais seguro ele se sente ao responder todas as questões.



Vossa excelência, Cespe/UnB

As provas aplicadas pela banca são divididas em três tipos distintos: de múltipla escolha, resposta numérica e o famoso "certo ou errado". O último modelo é o mais utilizado pela empresa, fato que a diferencia de todas as outras que atuam no mercado. Mas não é só isso: a avaliação que contém este tipo de questões não abre espaço para que o candidato arrisque, porque há uma penalidade: uma questão errada pode anular uma ou duas certas.
Paulo Portela, coordenador acadêmico do Cespe/UnB, afirmou ao Concursos/CorreioWeb que esta modalidade foi criada com o intuito de coibir o "chute". "Este método se chama apenação. Trata-se de um desconto na nota a cada questão marcada errada. Neste tipo de prova, a probabilidade de acertar por chute é de 50%. Quando você apena e diz que o candidato vai perder um ponto a cada item errado, aumenta-se a veracidade das respostas. Ou o candidato erra por não saber a disciplina ou acerta por dominar aquele determinado assunto. A apenação aumenta a credibilidade do concurso", explica.
Mas nem sempre as provas da organizadora foram feitas assim. O coordenador conta que até o início dos anos 90, a metodologia utilizada era baseada na memorização, na capacidade do candidato de "conhecer e lembrar" o conteúdo. Entretanto, logo a técnica foi modificada. "Ocorre que as questões de memorização não permitem que a banca avalie se um profissional tem ou não perfil para as atribuições exigidas pelo órgão. Ao perceber isso, o Cespe incluiu como característica principal a contextualização. O que é isso? É você trazer para a prova situações-problema com as quais o profissional vai se deparar em seu dia-a-dia. Você deixa de cobrar somente a memorização, que é a base do conhecimento, e pede para que o candidato aplique aquele conhecimento, de maneira que o possa raciocinar e não apenas lembrar", argumenta Portela.
Além da contextualização, o Cespe/UnB dá prioridade a outro ponto importante: a interdisciplinaridade. "Isso permite que se utilize, em um determinado item, a abordagem de mais de um objeto de conhecimento. Isso reflete o dia-a-dia do profissional, que vai juntar diferentes habilidades naquele trabalho que vai desempenhar". O coordenador já vislumbra planos para o futuro. "Hoje as seleções são embasadas no perfil e nos objetos de conhecimento. O próximo passo para evolução nos concursos será, além de apresentar um perfil, apresentar uma matriz de habilidades e de conhecimentos".
Recentemente a organizadora lançou o edital do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que já segue essa linha esperada para os próximos anos. São 200 vagas para o cargo de analista, divididas entre cinco áreas de concentração. Ao invés de distribuir o conteúdo programático entre matérias de conhecimentos gerais (como Português, Informática e Raciocínio Lógico, por exemplo) e conhecimentos da área à qual se concorre, o edital prevê apenas tópicos específicos ligados às atribuições do cargo - o que vai filtrar mais ainda a escolha dos novos servidores. Segundo o documento, "os itens das provas poderão avaliar habilidade que vão além do mero conhecimento memorizado, abrangendo compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação, com o intuito de valorizar a capacidade de raciocínio".
O cara que venceu a prova

Para o concurseiro Thiago Lindolpho Chaves, de 24 anos, a banca é de fato a mais conceituada do Brasil. A metodologia utilizada pela empresa é a ideal, segundo o analista processual do Ministério Público da União, aprovado em 13º lugar no último concurso, promovido pelo Cespe/UnB. "Dificilmente há problemas na organização, ainda mais se tratando de concursos em nível nacional", alega.
O servidor público já enfrentou diversas provas da organizadora e elogia os métodos utilizados para avaliar os candidatos: "As questões propostas são muito bem feitas. Não é uma avaliação fácil, só quem estuda é selecionado. É muito difícil conhecer alguém que passou por sorte, pois são questões extremamente aprofundadas".
Fique de olho nas orientações dadas pelo professor João Marcos:

1 - Reserve parte dos seus estudos para a resolução de provas recentes da banca organizadora. Faça a avaliação, compare-a com o gabarito oficial e se aprofunde mais nas questões que você errou. Outra coisa: procure nivelar por cima, ou seja, tente estudar provas de grandes concursos, com um grau maior de dificuldade;
2 - Nas provas objetivas, não arrisque: só marque as questões em que você tem absoluta certeza da resposta. Para o docente, é muito difícil conseguir sucesso neste tipo de prova sem ter estudado muito;
3 - Leia atentamente todos os enunciados e também todos os itens. Uma palavra que passa despercebida pode mudar todo o contexto da questão e te induzir ao erro;
4 - Fique sempre atento às atualidades, leia jornais e revistas. Quanto mais você souber sobre conhecimentos gerais, maior a possibilidade de que você se dê bem na prova;
5 - Fique atento aos textos que a empresa disponibiliza nos exames. "Às vezes eles parecem muito difíceis, mas as questões não exigem que o candidato entenda toda a sua complexidade. O nível de compreensão que o Cespe quer que o candidato tenha é mediano", alega João Marcos;
6 - Na hora da dissertação argumentativa, fique de olho nos textos que antecedem as questões. As provas da banca tendem a ser temáticas, a versarem sobre um mesmo tema. A leitura atenta pode te ajudar a desenvolver uma redação mais embasada e segura;
7 - Não acredite nas fórmulas mágicas de resolução de provas e nas técnicas de chute que são disseminadas por aí. Isso não adianta nada. Se puder, estude de quatro a cinco horas por dia e tente absorver o conteúdo listado no edital de abertura - não esquecendo de resolver provas. Só assim você conseguirá sua tão sonhada cadeira em um órgão público.

CORREIO WEB

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